Um dos temas de conversa recorrentes no meu grupo de amigos são as séries que vemos, despertando vivos debates sobre as personagens, as bandas sonoras ou os guiões das mais badaladas séries do momento. Apesar de ver imensas séries, nestas conversas acabo por conhecer algumas das quais nunca tinha ouvido falar ou das quais já tinha ouvido falar mas que nunca tinha visto. Sharp Objects surgiu numa dessas conversas e, largos meses depois, dei-lhe uma oportunidade.
A série conta a história de Camille Preaker, uma problemática jornalista que se debate com problemas de alcoolismo e automutilação, a quem é incutida a tarefa de investigar o homícidio de duas adolescentes em Wind Gap, a cidade onde nasceu e foi criada. O regresso à sua cidade natal traz ao de cima muitos pontos do seu passado que esta não gostaria de recordar.
Esta série tinha tudo para ser um sucesso e isso notou-se. Baseada no livro de Gillian Flynn, autora que é mais conhecida pelo grande Gone Girl - livro no qual é baseado o filme com o mesmo título -, traz-nos o equilíbrio perfeito entre suspense e drama. Apesar de se desenrolar de uma forma um tanto ou quanto lenta, acaba por nos prender ao ecrã desde o primeiro ao último minuto pela forma genial como todos os pormenores estão pensados e são propositados. Para além da trama central - o homicídio das duas jovens -, que automaticamente nos deixa bastante curiosos com o desenrolar dos acontecimentos, são abordados assuntos como o alcoolismo, relações tóxicas, depressão, automutilação e outras doenças do furo psicológico. Apesar da diversidade de temáticas ser uma das principais razões porque ficamos viciados na série, aquilo que a tornou numa das minhas favoritas que vi nos últimos tempos foi o plot twist final muito inesperado. O facto da narrativa dar uma volta tão grande e nos deixar um pouco pendurados torna esta série ainda mais mágica, porque deixa-nos a questionar as personagens e a forma como a trama se desenrolou sem nunca prevermos aquela situação.
As personagens não nos conquistam imediatamente, e apresentam muitas camadas que vão sendo descobertas ao longo dos vários episódios. As três personagens principais, Camille, Adora e Amma, estão muito bem construídas, são muito coesas e têm personalidades que não são costumes neste tipo de narrativa. Sendo Camille a alcoólica perturbada, com desgosto familiar e uma bagagem emocional imensa e Adora a mãe de alta sociedade que tem uma aparência a manter, com um amor inquestionável pelas suas filhas e por cuidar das mesmas mas secretamente muito instável, é complicado apaixonarmo-nos por Amma, a filha mais nova neste trio, porque aparece como uma adolescente desesperada por atenção, rebelde e verdadeiramente bitchy. Na verdade, esta foi a única personagem que não consegui gostar na trama toda. No entanto, existe um vasto leque de personagens para além deste trio que contribui para a narrativa e que são igualmente interessantes - saliento o pai de família, Adam, e Ashley, a namorada de um dos irmãos das vítimas.
É importante referir o elenco de excelência que a mini-série tem, escolhido ao pormenor de acordo com a personagem. No entanto, tenho que distinguir as duas atrizes principais de entre os demais. Começando pela Amy Adams, conhecida princesa de Hollywood e que aparece num registo completamente fora da sua zona de conforto e, por isso mesmo, super poderoso, cru e genial. Na minha opinião, a escolha mais do que acertada para Camille e que vendeu o papel a cem por cento. A ela, junta-se Patricia Clarkson com uma interpretação de Adora, mãe de Camille e de Amma, absolutamente arrepiante e que lhe entregou o globo de ouro para melhor atriz num papel secundário. A entrega ao papel, a emoção e a postura necessária à posição social da personagem são algumas das coisas que podemos apreciar na interpretação da atriz. Para além disso, a fotografia da série está divinal, o guião bem escrito e coeso e a banda sonora escolhida a dedo para tornar esta uma das melhores séries criminais dos últimos tempos. Se procuram uma série de suspense criminal fora da caixa, com a quantidade certa de mistério e com bons plot twists, então é esta a que devem assistir!
"The face you give to the world tells the world how to treat you."
Já viram esta série? O que acham deste tipo de séries de suspense?
Nunca vi a série, mas fiquei muito curiosa.
ResponderEliminarUm beijinho
Blog Vinte e Muitos
Não conheço mas parece-me interessante! Beijinhos*
ResponderEliminarNem acredito que colocaste esta publicação na mesma altura em que a HBO se lança em Prtugal *.* vou a correr ver coração!
ResponderEliminarTHE PINK ELEPHANT SHOE