segunda-feira, 22 de abril de 2019

3 Dias em Roma

Se há cidade que não podemos falhar em Itália é Roma. Apesar de ter ouvido opiniões distintas sobre a cidade e experiências contraditórias na mesma, sabia que tinha que visitar a cidade de fio a pavio e tirar as minhas próprias conclusões. Assim, num fim-de-semana de Outubro em que alguns amigos tinham vindo visitar, rumámos durante 3 dias à capital do país. Este guião está dividido nos 3 dias distintos e no trajeto que decidimos fazer em cada um dos 3 dias, para que seja mais simples para vocês compreenderem o tempo que cada monumento leva e como podem, também, organizar a vossa viagem.

O primeiro impacto da cidade foi assustador, confesso. A periferia da cidade é descuidada, suja, muito velha e causa logo má impressão àqueles que chegam à cidade de autocarro ou de comboio. O metro não é funcional, é muito velho e sentimos algum receio em andar nesta zona da cidade. No entanto, quanto mais para o centro da cidade nos deslocávamos, mais as coisas tomavam outro rumo.

PRIMEIRO DIA

Este primeiro dia começou cansado - tínhamos passado a noite inteira num autocarro, sem dormir quase nada - mas com um plano bem traçado. O destino do dia? O emblemático Coliseu de Roma. Portanto, e depois de deixarmos tudo no hostel onde ficaríamos hospedados por duas noites, rumámos em direção ao Coliseu para visitarmos tudo aquilo a que tínhamos direito. Quando aqui chegámos, deparámo-nos com uma fila interminável e, depois daquilo que pareceu uma eternidade - e que foram umas duas horas -, tínhamos finalmente os nossos bilhetes para entrar. Por 7 euros e meio, com desconto de estudante, era-nos dado acesso ao interior do Coliseu, ao Palatino e ao Fórum Romano.



As filas para a entrada do Coliseu são intermináveis e com péssima organização - existia apenas uma caixa de bilheteira para aqueles que eram centenas de turistas a querer entrar. Por isso, se poderem, aconselho a que comprem os bilhetes previamente ou cheguem bem cedo, para não perderem tempo como nós nas filas. No entanto, a espera valeu a pena. Se o exterior do Coliseu impressiona pela sua grandiosidade - afinal de contas, é o maior anfiteatro alguma vez construído - e pelo detalhe, o seu interior não lhe fica nada atrás. É incrível imaginar o que aqui já aconteceu e ter a percepção de como a sociedade se alterou ao longo dos anos, sendo hoje em dia impensável colocar duas pessoas em combate entre si da forma que outrora era feito.

Na altura em que lá fomos encontrava-se em reconstrução mas, apesar disto, conseguimos compreender perfeitamente onde eram as bancadas e como estavam organizadas. É verdadeiramente impressionante o estado de conservação deste anfiteatro! Temos acesso aos vários níveis em que as bancadas se encontravam e podemos circundar o Coliseu na sua totalidade, conseguindo ver todos os pormenores e ter uma visão geral de todos os ângulos possíveis e imagináveis. É realmente um monumento que vale a pena visitar e que compensa o valor pago por si só.

Depois de maravilhados com o Coliseu, o Foro Romano e o Palatino deixaram a desejar. Mais uma vez, apesar de impressionante a longevidade das estruturas que aqui se encontram e de ser uma das mais importantes zonas arqueológicas da Europa, senti que o percurso não estava claro, as ruínas não se encontravam devidamente sinalizadas e, por isso, acabávamos por não conseguir compreender da melhor maneira aquilo que estávamos a ver, ficando tudo sinalizado por nós como um aglomerar de pedras históricas.



O cansaço de uma noite mal dormida já começava a dar ares de sua graça e, portanto, decidimos que íamos terminar o dia por ali. No entanto, e como ainda brilhavam sobre a cidade os últimos raios de sol, conseguimos avistar o Monumento a Vittorio Emanuele II, também conhecido como Altare della Patria, acabando este por ser o nosso ponto turístico final do dia. Construído em honra do 1º Rei de Itália Unificada, este monumento foi o meu favorito de todos os pontos turísticos da viagem. Sendo o maior monumento de Roma, conquistou-me pela sua dimensão, pela vista sobre a Piazza Venezia que nos dá, pelo pôr-do-sol que aqui brilhava em tons laranja contra o mármore branco e pelo facto de ser possível vê-lo de qualquer ponto alto da cidade.



SEGUNDO DIA

O segundo dia prometia ser o mais cansativo - e cumpriu a promessa.  Na noite anterior tínhamos traçado o plano, sem grande margem para desvios devido ao elevado número de sítios que tínhamos para visitar. No entanto, a caminho do primeiro ponto do dia, tropeçámos numa Basílica que, já a experiência nos tinha ensinado no dia anterior, valeria a pena entrar. E se valeu a pena! A Basílica de Santa Maria Maggiori deixou-nos de queixo caído no momento em que vislumbrámos o seu interior. Com os seus tectos totalmente cobertos de folha de ouro em padrões geométricos e cada bocadinho de parede coberto com um detalhe impressionante, seja ele um fresco religioso ou relevo, trabalhado harmoniosamente com a restante decoração, está no topo de basílicas mais bonitas que alguma vez visitei, sendo apenas destronada pela atração principal do Vaticano.


Contentes com a descoberta que tínhamos feito, seguimos caminho para Villa Borghese, um enorme jardim próximo do centro da cidade onde se encontram diversos museus da cidade como a Galeria Nacional de Arte Contemporânea e Moderna ou a Galeria Borghese. Este é o principal parque da cidade e, apesar de não considerar que Roma seja extremamente citadino, serve de escape para aqueles que habitam na cidade e querem fugir um pouco aos turistas. No entanto, este parque não me conquistou particularmente. Apesar de ser agradável para apanhar um bocadinho de sol ou dar uma caminhada, enquanto turista não achei que tivesse nenhuma característica particularmente apelativa além de uma estufa bonita e um lago no qual podíamos andar de barco a remos. Portanto, caso tenham o tempo na cidade, não recomendo a visita ao mesmo.

Mesmo ao lado da Villa Borghese, encontramos a Piazza Popolo, o nosso próximo destino. Apesar de, aparentemente, não ter nada de especial quando comparativamente com outros locais desta cidade, houve algo nesta praça que me conquistou. Seja pelo facto de existirem senhores a fazerem bolhas de sabão por todo o lado ou pelo facto da praça não estar cheia de turistas, fiquei maravilhada com a mesma e foi aqui que saltei e dancei ao som do artista de rua que tocava Ed Sheeran, enquanto rebentava bolhas como uma criança feliz.


Uma das principais atrações que tinha surgido aquando as minhas pesquisas para criar um roteiro foi a Piazza di Spagna e os seus Spanish Steps. Com um total de 174 degraus, esta escadaria teria potencial para ser impactante. No entanto, acabou por se perder no meio das centenas de turistas que as ocupavam, seja a almoçar, a apanhar sol ou a descansar um pouco as pernas. No entanto, esta zona da praça é bastante bonita nos seus tons terra, verdadeiramente italiana - apesar de ser, supostamente, espanhola - e com algumas lojas de luxo a espreitar as montras, demonstrando que é uma das zonas mais ricas da cidade.

Se na Piazza di Spagna achámos que existiam demasiados turistas, sabíamos que no próximo sítio do nosso roteiro iríamos caminhar como sardinhas enlatadas. E assim foi! É facilmente perceptível o monumento a que me refiro... a Fontana di Trevi. No entanto, sou-vos sincera quando digo que os turistas não me incomodaram nem um bocadinho porque a beleza e a grandiosidade desta fonte é demasiada para nos deixarmos distrair por turistas. Foi dos monumentos que mais me surpreendeu pela positiva, porque esperava uma fonte de um tamanho normal, relativamente maior do que as restantes mas nada de exacerbado. Foi com esta ideia em mente que me deparei com um monstro rodeado de pessoas, branco como a cal e maravilhosamente detalhado. No fundo da fonte podemos ver milhares de moedas daqueles que desejam o amor, dinheiro, saúde ou sucesso para si e para as suas famílias e foi aqui que também eu atirei a minha moeda a desejar sorte para o ano que vinha.


A algumas ruas de distância encontra-se o Pantheon. Este, ao contrário da Fontana, desiludiu-me um pouco. Compreendo e reconheço a sua importância historicamente, uma vez que foi a casa de um antigo templo romano, construído entre 113 e 125 depois de Cristo e considerando as suas condições, é impressionante ver um edifício do género ainda de pé sem quaisquer sinais lesivos. No entanto, não achei o edifício arquitectonicamente interessante nem grandioso quando comparado com os restantes monumentos que tínhamos visto outrora. Vale a visita pela sua importância no contexto da cidade, mas nada mais do que isso. O mesmo se sucedeu com a Piazza Navona, umas das praças centrais da cidade, repleta de lojas e restaurantes típicos italianos e com os tons amarelos, laranjas e vermelhos muito típicos das cidades italianas. Tal como tudo em Roma, é impressionante e de uma beleza extraordinária. No entanto, e como não podemos ter todos os monumentos a ocupar o topo de monumentos favoritos da cidade, esta praça fica fora da corrida.

Conhecendo os meus roteiros e este tipo de publicação que por aqui faço sempre que viajo, estão fartos de saber que das minhas coisas favoritas de fazer é passear pelas ruas e sentir aquilo que a cidade verdadeiramente é, na sua simplicidade. É por isso que a zona de Trastevere se revelou uma das minhas favoritas. Em tons alaranjados, com plantas por todos os cantos e street art, foi aqui que comemos um gelado - dos baratos e bons, a fugir ao preço de turista - e foi aqui que senti a verdadeira essência italiana pela primeira vez desde que estava em Roma. Por ser uma zona menos turística, ouvia-se a língua italiana a ser cantada pelas ruas, com os gestos e a voz alta que é tão característica deste povo - e que eu adoro!


Além disso, é nesta zona que encontramos a melhor vista panorâmica gratuita sobre a cidade – coisa que não dispenso seja em que cidade for, como sabem – e, portanto, colocámo-nos a caminho de Gianicolo. Dizer-vos que foi uma subida fácil seria estar a mentir-vos. Apesar de ser um caminho curto, a inclinação era de mais de 45 graus o que nos fez sofrer durante uns bons 15 minutos enquanto subíamos pelo monte acima. No entanto, ao chegar ao cimo do monte, esquecemos todo esse sofrimento. A vista que daquele ponto temos é de cortar a respiração! Uma vista sobre a cidade de Roma longínqua, mas onde conseguimos identificar os pontos principais da cidade. Existe um extenso muro onde podemos aproveitar para descansar - coisa que fizemos - enquanto apreciamos a maravilhosa cidade que se desenrola diante de nós. Foi aqui que aproveitámos os últimos raios de sol do dia, enquanto a noite caía e o frio e a chuva começava a tomar conta da cidade. Descemos em direção ao outro lado do rio, passeámos um pouco mais por Trastevere e passámos pela Isla Tiberina, uma pequeníssima ilha muito semelhante à zona de Trastevere no caminho de volta para casa e rumámos àquele que seria o último destino do dia.

O Capitólio tinha-nos escapado da primeira vez que visitámos a Piazza Venezia, o que fez com que tivéssemos que passar nesta zona para visitarmos o seu exterior. Como tudo na cidade, com uma magnitude enorme, este ergue-se no cimo de uma escadaria como uma praça perfeitamente quadrada com 3 edifícios simples e em tons neutros. Estes são as casas de museus da História Romana, onde pudemos encontrar a famosa escultura Lupa Capitolina, uma escultura de bronze desenhada de acordo com a famosa lenda da fundação da Roma Antiga. Não entrámos no museu e, portanto, não vimos o original mas existe uma réplica da escultura nesta praça que dá para ter uma percepção do que é a escultura original. Recomendo, no entanto, que vão a esta praça durante o dia, para que possam ter uma boa vista sobre a zona do Fórum Romano e que o façam em seguimento do Monumento Vitorio Emanuele II, para que não tenham que voltar a esta zona - não que seja uma zona aborrecida, pelo contrário, mas evitam perder tempo e caminhar excessivamente.


E assim, depois de mais de 20 quilómetros percorridos, terminámos o nosso dia no hostel cansados e sem aguentar as pernas, mas com a certeza que tínhamos aproveitado da melhor forma o nosso segundo dia e ansiosos por aquilo que o terceiro dia na cidade nos iria reservar.

TERCEIRO DIA

O terceiro, e último dia na cidade, foi totalmente dedicado ao Vaticano, a cidade-estado independente de Itália e conhecido como o país alto da religião católica. Uma vez que escolhemos o primeiro domingo do mês para fazer a nossa visita, tínhamos a oportunidade de visitar os Museus do Vaticano gratuitamente durante a manhã. Além disso, o Papa estaria também presente na sua janela para o discurso habitual de cada domingo, o ângelus. No entanto, os dois horários sobrepunham-se e, por causa disso, decidi que seria uma melhor opção tentar ver o Museu o mais rapidamente possível para conseguir apanhar um pouco do discurso. O tiro saiu pela culatra e acabei sem ver o Museu como deve ser e sem ver o Papa, que acabou o seu discurso pouco tempo antes de eu chegar ao recinto.

No entanto, e apesar de ter visto o Museu a uma velocidade equiparável a um carro de Fórmula 1, posso dizer-vos que, apesar de ter uns tetos incríveis, muito trabalhados, não acrescenta imenso quando comparado com tudo o que tínhamos visto no dia anterior. Além disso, a Cappella Sistina, dentro deste museu e emblemática como só ela, deixou muito a desejar. Com uma dimensão mais pequena do que aquilo que esperava e com demasiados turistas dentro dela, marca apenas pelo fresco d’A Criação de Adão, por Michaelangelo que, apesar de mais pequeno do que imaginava, é impressionante pela notoriedade do mesmo. 

Aquilo que acabou por me marcar dentro do Vaticano e que, para mim, é a grande estrela entre todas as capelas, igrejas e basílicas que tive a oportunidade de visitar, é a Basilica di San Pietro. De entrada gratuita, é uma das maiores e mais bonitas basílicas que já vi, apesar de não aparentar pelo seu exterior. Com detalhes em dourado, mármore em rosas, pretos e cinzentos e frescos em tons azulados, misturados de uma forma muito natural, cria a perfeita harmonia ao local e deixa-nos a suspirar em cada esquina e nova divisão. Cada detalhe é pensado ao pormenor para ir de encontro à estética geral mas é muito próprio daquele local, sendo uma lufada de ar fresco a cada divisão em que entramos. É muito difícil encontrar palavras para descrever esta basílica e aquilo que sentimos quando entramos na mesma, sendo ou não praticantes da religião católica.


Além da Basílica, a Piazza San Pietro é também impressionante tanto pela sua magnitude como pela quantidade de pessoas que aqui se reúnem pela mesma fé e com o mesmo propósito. Seja pelas suas fontes, enormes colunas ou por ser a primeira impressão que temos desta cidade-estado, é sem dúvida um marco importante em qualquer roteiro por Roma. Atrás da mesma, podem encontrar a Via della Conciliazione, uma rua de comércio local muito conhecida e movimentada pela sua vista privilegiada para a Basílica e por ser a rua principal de ligação entre Roma e o Vaticano. Aqui existem dezenas de gift shops nas quais podem comprar as vossas recordações da cidade, os terços ou até réplicas das figuras mais importantes da religião católica.

Depois da chuva torrencial que apanhámos na manhã, enquanto esperávamos por entrar no museu, o tempo decidiu dar-nos tréguas e voltámos a Roma. Não deixámos, no entanto, de passar pelo Castel Sant'Angelo, outrora castelo utilizado como habitação pelo imperador, posteriormente pelo Papa e que hoje em dia é a casa de um museu que visa dar a conhecer o seu interior e a história da sua criação, assim como daqueles que por lá habitaram. Apesar de soar muito importante, o castelo não é  tão imponente quanto seria de esperar e, portanto, não me impressionou especialmente. Vale a pena espreitar se estivermos de passagem por lá, mas deslocarmo-nos propositadamente para ver o seu exterior não é, de todo, proveitoso.


Por fim, e para terminar o dia da melhor maneira possível, passámos novamente pelo centro para nos despedirmos desta cidade que subiu para o topo das minhas cidades favoritas, de entre todas as que já visitei. Apesar de tudo aquilo que me conquistou, não deixo de ficar triste com o facto de se notar uma grande diferença entre a zona histórica e a zona urbana, passando de asseada e conservada a suja, velha e degradada, como já vos disse. Ainda assim, a reputação que persegue a cidade não é em vão, e, portanto, recomendo muito a visita para sentirem o verdadeiro espírito italiano - mesmo no meio dos milhares de turistas. Cada igreja é um novo local a visitar - obrigatório entrar em todas as igrejas que vos apareçam, porque cada uma é mais incrível que a anterior - e a deslumbrar-nos, cada esquina é um novo cantinho maravilhoso nos seus tons terra, barulho e cheio de plantas características. Uma cidade que nos faz sonhar, sem dúvida.

Eu sei que este guia ficou um pouco grande, mas sinto que esta cidade tem tanto para oferecer e tanto para visitar que sinto que é importante referir tudo aquilo que visitei para também terem uma opinião, na primeira pessoa, de como as coisas são e daquilo que realmente vale a pena visitar na cidade.

Já alguma vez visitaram alguma cidade italiana? Ficaram curiosos em visitar Roma?

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Literatura // Jane Eyre

Existem diversos clássicos da literatura que fazem parte de bucket lists de literatura e os quais ambicionamos um dia ler, para podermos formar a nossa própria opinião sobre os mesmos e afirmar que o fizemos. Esse é o caso dos clássicos românticos como o Orgulho e Preconceito – um dos meus livros favoritos de sempre, do qual já vos falei AQUI -, o Romeu e Julieta ou o Jane Eyre, livro que posso finalmente riscar da minha readlist.

Jane Eyre, um livro escrito por Charlotte Bronte, conta a história da personagem que dá nome ao livro na primeira pessoa desde o início da sua vida, em meados do século XVIII até à sua idade adulta.

Confesso que demorei algum tempo a ler este livro. Levei-o em todas as viagens que fiz durante o meu período de Erasmus mas não conseguia convencer-me a pegar nele e ler. Como seria de esperar, a escrita da autora é muito rebuscadamuito densa, excessivamente detalhada e extremamente pessoal  numa época que não nos é familiar. A forma como a sociedade era comandada na altura nada tem a ver com aquilo que hoje em dia vivemos e, por isso, é complicado acompanhar e apoiar as decisões tomadas pela personagem principal uma vez que não compreendemos a cem por cento as circunstâncias em que esta se encontrava – uma época em que o machismo, a escravidão, a sociedade hierarquizada e a serventia eram o prato do dia.


No entanto, Jane tem um carácter muito forte, pouco permissivo e bastante diferente das restantes mulheres da sua época, revelando uma nova perspetiva aos costumes de outrora e à forma como as personalidades mais vincadas eram demonizadas e causavam alarme de entre os demais. É uma personagem difícil de gostar e com a qual não se consegue criar uma conexão facilmente mas, no entanto, é também a personagem que mais sentido faz na narrativa em que se encontra. A sua personalidade perspicaz traz sempre um ponto de vista fresco e inesperado a qualquer situação em que se encontre, independentemente da gravidade do mesmo. Mantém-se fiel àquilo que acredita independentemente daquilo que o seu coração diz e é bastante pragmática - sabe o seu lugar e tende a ficar nele, mesmo que seja puxada para de lá sair.

É agradável acompanhar o crescimento da personagem desde os seus tempos de infância e compreender de que forma aquilo que ela passou influenciou a sua maneira de pensar e ver a vida. Apesar de não serem situações muito fora do comum – a morte dos pais aquando pequena, a ida para um colégio religioso e a serventia enquanto tutora na casa de uma família com posses -, fazem sentido na narrativa e conferem um toque realista à mesma.

Apesar de achar interessante o conceito e a forma como a personagem desenvolve ao longo da trama, não consigo recomendar este livro. Apesar de considerar louvável o facto da autora ser a primeira a escrever na primeira pessoa, algo que hoje em dia é recorrente em livros de ficção, especialmente nos young adult, achei a leitura muito maçadora e bastante previsível. Sim, reconheço que é admirável termos como personagem principal uma mulher simples, sem grandes elementos atrativos e o quão isto era arriscado na época em que a autora viveu e desenvolveu o seu trabalho. 

No entanto, a leitura não é dinâmica, os diálogos entre as personagens são de difícil compreensão, muito filosóficos e formais para aquilo que gosto e aprecio – mais uma vez, pela época em que a história é narrada. Acredito que o facto de não ter gostado da narrativa pode estar relacionado com a forma como o romance está escrito, que não vai de acordo com aquilo que mais gosto, e não pela história em si. Por isso, se gostam de livros históricos, narrados na primeira pessoa e com um pouco de romance, acho que este é um tiro certeiro para vocês. Para mim não o foi!

Já leram o Jane Eyre? Quais os clássicos que me recomendam?

sábado, 16 de março de 2019

Séries // Genius

Não existe um género de série que seja o meu favorito, como já vos disse algumas vezes. Em determinado momento da minha vida faz sentido ver um tipo de série mais cómico, noutro momento faz mais sentido um drama e, quando me estou a sentir um pouco extra, viro-me para as fantasiosas ou em estilo de documentário - que são uma raridade na minha coleção! Foi o caso de Genius, uma série que desde que saiu tinha curiosidade de ver mas que só agora se proporcionou o momento para tal. 

Ao contrário de uma série normal, Genius divide as suas histórias por temporadas, focando-se em célebres nomes mundiais dos mais variados ramos profissionais – campo artístico, científico ou desportivo. Nas duas temporadas disponíveis, podemos acompanhar a vida de Albert Einstein, físico do mundo conhecido pela sua Teoria da Relatividade e de Pablo Picasso, famoso pintor espanhol que se destacou no cubismo. 


Acompanhar a história de grandes personalidades é sempre um pau de dois gumes, na minha opinião. Se, por um lado, é muito interessante saber como se desenrolaram as suas caminhadas até ao sucesso com que morreram, por outro lado acabamos por conhecer novos pormenores das suas vidas que nos podem desiludir. E este foi o caso. Apesar de saber que existe uma grande diferença cultural entre a época em que estes génios viviam e aquela em que vivemos atualmente, custa-me ver o desprezo com que tratam as mulheres que os rodeiam e a subvalorização do trabalho das mesmas em prol do seu próprio trabalho. 

No entanto, o facto da série ser tão realista até nos pontos mais sensíveis só lhe acrescenta valor. Todos acreditamos que o sucesso acontece apenas para aqueles a quem a fortuna bate à porta. Mas nem sempre é assim. Einstein ensina-nos que o trabalho recompensa e que a persistência é a chave para tudo. Se este não tivesse persistido vezes e vezes sem conta, a sua teoria nunca teria sido aceite dentro da comunidade científica – que tinha a mente especialmente fechada na época. Já Picasso ensina-nos que devemos de nos desafiar sempre, não nos acomodar na nossa zona de conforto e explorar todas as opções até encontrarmos aquela que seja mais fiel à nossa identidade. 

Os atores não se destacam particularmente. Fazem um bom trabalho, entregam as suas falas da melhor forma mas não impressionam com a sua dinâmica em cena ou com uma representação particularmente emocionante, apesar das personagens assim o pedirem. Destaco a interpretação de Samantha Colley, como primeira mulher de Einstein e uma das amantes de Pablo Picasso, que se coloca noutro patamar quando comparativamente com os demais. A banda sonora da série adequa-se perfeitamente às épocas em que esta se passa – mesmo vivendo no mesmo espaço temporal, os caminhos de Einstein e Picasso são muito distintos, sendo as suas culturas e a cidade onde viviam bastante diferentes. A sonoridade adapta-se à cultura em que estes estão inseridos, transportando-nos para um local completamente diferente de uma temporada para a outra.

Sendo uma série da National Geographic e uma série de estilo bibliográfico, não é filmada da forma mais criativa possível, porque não existe margem para grandes efeitos ou alterações de luzes- é uma história real, nua e crua. Ainda assim, acho que cativa o espectador ao ecrã, uma vez que a história saltita entre o passado e o presente das personagens, conferindo maior dinâmica à cena. Sem dúvida que é uma série que vale a pena pela história que nos conta, pelos segredos que revela e que nós nem temos consciência e pela inspiração que é ver como estas pessoas trabalhavam e viviam a sua vida que começou de forma ordinária e passou a brilhante.

"My future is mine and mine alone, so I must take charge of it."


Gostam de séries mais biográficas? Qual foi a vossa temporada favorita de Genius?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

6 Receitas com Tofu

Cada vez me interesso mais pela cozinha vegetariana. No entanto, confesso que não conheço opções muito variadas de como cozinhar as alternativas ao produto animal, sejam estas soja, seitan ou tofu, o ingrediente que hoje exploramos. A publicação de hoje procura inspirar-me enquanto vos inspiro a vocês a, pelo menos, substituírem 2 refeições semanais por ingredientes sem origem animal. É uma substituição simples,  agradável e acima de tudo mais ecológica.

O principal problema que a maior parte das pessoas diz ter com este tipo de alimentação é a falta de sabor e textura destes substitutos de carne animal. A verdade é que, sendo o tofu tão neutro de sabor, acabamos por poder fazer aquilo que quisermos com os temperos de forma a conferir o sabor desejado ao mesmo. Aliás, sempre ouvi dizer - e é bem verdade - que o segredo da comida vegetariana com este tipo de substituto é os temperos utilizados e as especiarias que lhes pomos. Por isso, trago-vos 6 receitas que me despertaram um pouco mais de atenção e que eu já repliquei cá por casa, de uma forma mais ou menos elaborada.

TOFU À BOLONHESA // TACOS DE TOFU

Na altura em que vos falei de 6 Receitas com Carne Picada, disse que todas as receitas eram facilmente substituíveis por ingredientes de origem vegetal para que também vegetarianos ou vegan as pudessem replicar. E realmente é esta a forma que eu mais utilizo quando cozinho tofu, através da fácil e prática massa à bolonhesa com tofu. Esmigalhar o tofu dá-nos inúmeras opções de o cozinhar, com diferentes sabores. Por exemplo, ao utilizar especiarias mais fortes e um molho mais picante, facilmente fazemos tacos, uma receita igualmente simples mas com um toque mexicano. Seja em forma de lasanha, de empadão ou até em tacos, esta é uma forma muito convencional de cozinhar o tofu e que salta o passo de preparação prévia, para os dias mais agitados.


Estaladiço, estaladiço, estaladiço. Em qualquer receita que procuremos pelo Pinterest ou até nos motores de pesquisa da Google, a forma em que o tofu é mais utilizado é estaladiço, crocante ou crispy. Especialmente para pratos mais orientais, como o caso do ramen - que eu adoro! - ou das tão famosas poké bowls. Aliás, o tofu estaladiço acaba por funcionar muito bem em saladas ou pratos mais frescos por ser um complemento diferente, com uma textura interessante e que confere interesse nutricional ao nosso prato que outrora seria só de vegetais. O truque para conseguir que o tofu fique bem crocante é simples - remover bem a água, deixar a marinar no tempero para que absorva todos os sabores e depois cobrir completamente com o cereal desejado. Depois disto, as opções são infinitas, é só brincar com texturas, sabores e cores nos vossos pratos.

CARIL DE TOFU // TOFU EM MOLHO DE SÉSAMO E MEL

As duas últimas receitas que vos trago são comida um pouco mais arriscada, com molhos diferentes daquilo a que estamos habituados. Começando por um dos meus favoritos de fazer cá por casa, os pratos de caril - seja de legumes, de frango, de peixe ou até, agora, de tofu -, é realmente muito simples de executar, não exige grandes ingredientes e é delicioso. Para aqueles que gostam de arriscar mais, o bittersweet do tofu em molho de sésamo e mel é para vocês. Leva-nos automaticamente para os sabores mais asiáticos sem sair do conforto da nossa casa. Tanto uma como a outra opção são realmente boas sugestões que eu também irei experimentar cá por casa.  

Costumam comer este tipo de substituto de carne? Qual é a vossa forma favorita de o cozinharem?

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Os acessórios indispensáveis para a próxima Primavera

Apesar de estarmos a mais de um mês da estação das flores, do sol a rebentar por entre as nuvens e das alergias, acho que é a altura certa para começar a olhar para as tendências que se aproximam a passadas largas e com as quais seremos bombardeadas pelas lojas de fast fashion. Apesar de não serem muito reconhecidas, as tendências ao nível dos acessórios podem marcar a diferença no nosso conjunto por serem peças que não exigem um investimento tão alto, podendo facilmente trocar-se entre as várias estações.

Em parceria com a Happiness Boutique, uma loja de joalharia online que visa procurar a melhor relação de qualidade/preço para os seus produto, trago-vos 6 tendências de acessórios que não podem deixar de parte na próxima estação. Esta loja tem uma panóplia de acessórios distintos, e podem encontrar aqui peças-chave para os vossos conjuntos. As encomendas demoram cerca de 7 dias úteis a chegar e vem tudo embalado impecavelmente.

HOOPS HOOPS HOOPS

Star & Moon Hoops ~ Turtle Print Hoops ~ Gold Hoops ~ Twisted Hoops ~ Circular with Bar Hoops

Esta tendência é, na realidade, um acessório básico para qualquer pessoa. As argolas sempre foram uma peça muito elegante, mas estão, cada vez mais, a ganhar a luz da ribalta. Sejam maiores ou mais pequenas, com ou sem pendentes, ou de formas distintas do comum círculo, são uma peça de acessórios em que vale a pena investir e da qual só consigo gostar, seja conjugada com o que for.

HAIR CLIPS FOR THE GODS
Quem pensaria que, anos depois, os ganchos que a minha mãe insistia em pôr-me ganhariam um lugar na luz das passereles? Os ganchos são uma tendência que se começou a rondar as redes sociais e que, pouco a pouco, tem vincado a sua presença nos conjuntos de muitas das it girls mais conhecidas pelo mundo. Com um toque extremamente feminino, são utilizados como complemento ao conjunto, dando um pop de entusiasmo e diversão a qualquer conjunto mais triste ou neutro. Apostem em ganchos com o formato clássico mas ornamentados com pérolas - outra tendência deste ano -, metálicos ou em cores fortes.

ALL YOUR JEWELRY IN ONE OUTFIT

O lema é simples - menos é mais. Mas, nesta estação, mais é melhor. As tendências mandam juntar todos os colares que temos e criar diversas camadas de fios, com diferentes texturas, tamanhos e grossura. A ideia é criar um efeito grosso mas dinâmico em redor do nosso pescoço, de forma a dar alguma vida a um conjunto que possa ser mais básico. Esta é das minhas tendências favoritas, devo confessar, uma vez que adoro criar camadas de colares e jogar com os seus diferentes tamanhos. Se há altura para o fazer, é agora!

A Happiness Boutique deu-me a oportunidade de escolher duas peças de toda a sua loja e eu optei por seguir esta tendência, sendo das que mais me identifico (a par com as argolas). Apesar de saber que existiam centenas de modelos distintos, a escolha foi simples. Já procurava um colar com pendentes de estrelas há imenso tempo e, portanto, não deixei escapar a oportunidade de ter um para mim. Com ele, veio o colar com uma meia lua, que fazia todo o sentido com a temática e para usar em conjunto. Os colares chegaram impecavelmente embrulhados, em perfeitas condições e tornaram-se rapidamente nos meus colares favoritos de entre a minha pequena coleção. Sendo que são de aço inoxidável, estou curiosa para testar a sua qualidade e ver se, efetivamente, são mais duradouros que os demais. Podem encontrá-los na Happiness Boutique por, respectivamente, 22.90 euros e 18.90 euros.

FANNY PACK YOUR WAY AROUND
Se antes eram conhecidas por serem as malas que apenas os gunas - expressão usada para descrever alguém com um estilo um tanto ou quanto questionável - utilizavam, agora estão em alta e vieram para ficar. Com um conjunto mais casual, são extremamente práticas para o dia-a-dia corrido ou até para um festival, por exemplo, onde queremos ter apenas o essencial connosco sem o perigo de perdermos nada. Apesar de ser um acessório que, pessoalmente, não gosto muito, não deixo de achar que ficam bem - especialmente as que imitam pele - e que são uma peça chave nesta estação.

GIVE THEM PEARLS

As pérolas são intemporais e a sua utilização é cíclica. De dois em dois anos elas voltam ao topo das tendências de uma forma reinventada, mas sempre com o ar clássico e composto que atribuem a qualquer acessório onde sejam inseridas. Sem dúvida que são do tipo de acessório mais usado e mais seguro para se utilizar tanto no nosso dia-a-dia como numa ocasião mais especial.

FRINGE BASKET BAGS ARE HERE TO STAY
Estrelas no Verão passado, as malas de franjas vieram para ficar por entre as diversas estações. Este ano com modelos mais descontraídos, menos estruturados e com um material ligeiramente diferente - a rafia é a estrela. Sejam coloridos ou nos tons bege, são um acessório muito giro para os dias mais quentes e que se encontra facilmente em qualquer lado. Ideal para um dia no campo ou para os dias de passeio pela cidade pela sua praticalidade, simplicidade e toque feminino.

Caso tenham gostado de alguma das peças que vos mostrei aqui, podem utilizar o código myownanatomy que vos oferece 10% de desconto em compras de valor superior a 19 euros. Atenção que este código é apenas válido até dia 5 de Março.

Esta publicação foi escrita em parceria com a Happiness Boutique. No entanto, todas as opiniões são pessoais.

Qual é a vossa tendência favorita, das 6?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Séries // Sharp Objects

Um dos temas de conversa recorrentes no meu grupo de amigos são as séries que vemos, despertando vivos debates sobre as personagens, as bandas sonoras ou os guiões das mais badaladas séries do momento. Apesar de ver imensas séries, nestas conversas acabo por conhecer algumas das quais nunca tinha ouvido falar ou das quais já tinha ouvido falar mas que nunca tinha visto. Sharp Objects surgiu numa dessas conversas e, largos meses depois, dei-lhe uma oportunidade.

A série conta a história de Camille Preaker, uma problemática jornalista que se debate com problemas de alcoolismo e automutilação, a quem é incutida a tarefa de investigar o homícidio de duas adolescentes em Wind Gap, a cidade onde nasceu e foi criada. O regresso à sua cidade natal traz ao de cima muitos pontos do seu passado que esta não gostaria de recordar. 


Esta série tinha tudo para ser um sucesso e isso notou-se. Baseada no livro de Gillian Flynn, autora que é mais conhecida pelo grande Gone Girl - livro no qual é baseado o filme com o mesmo título -, traz-nos o equilíbrio perfeito entre suspense e drama. Apesar de se desenrolar de uma forma um tanto ou quanto lenta, acaba por nos prender ao ecrã desde o primeiro ao último minuto pela forma genial como todos os pormenores estão pensados e são propositados. Para além da trama central - o homicídio das duas jovens -, que automaticamente nos deixa bastante curiosos com o desenrolar dos acontecimentos, são abordados assuntos como o alcoolismo, relações tóxicas, depressão, automutilação e outras doenças do furo psicológico. Apesar da diversidade de temáticas ser uma das principais razões porque ficamos viciados na série, aquilo que a tornou numa das minhas favoritas que vi nos últimos tempos foi o plot twist final muito inesperado. O facto da narrativa dar uma volta tão grande e nos deixar um pouco pendurados torna esta série ainda mais mágica, porque deixa-nos a questionar as personagens e a forma como a trama se desenrolou sem nunca prevermos aquela situação.

As personagens não nos conquistam imediatamente, e apresentam muitas camadas que vão sendo descobertas ao longo dos vários episódios. As três personagens principais, Camille, Adora e Amma, estão muito bem construídas, são muito coesas e têm personalidades que não são costumes neste tipo de narrativa. Sendo Camille a alcoólica perturbada, com desgosto familiar e uma bagagem emocional imensa e Adora a mãe de alta sociedade que tem uma aparência a manter, com um amor inquestionável pelas suas filhas e por cuidar das mesmas mas secretamente muito instável, é complicado apaixonarmo-nos por Amma, a filha mais nova neste trio, porque aparece como uma adolescente desesperada por atenção, rebelde e verdadeiramente bitchy. Na verdade, esta foi a única personagem que não consegui gostar na trama toda. No entanto, existe um vasto leque de personagens para além deste trio que contribui para a narrativa e que são igualmente interessantes - saliento o pai de família, Adam, e Ashley, a namorada de um dos irmãos das vítimas.

É importante referir o elenco de excelência que a mini-série tem, escolhido ao pormenor de acordo com a personagem. No entanto, tenho que distinguir as duas atrizes principais de entre os demais. Começando pela Amy Adams, conhecida princesa de Hollywood e que aparece num registo completamente fora da sua zona de conforto e, por isso mesmo, super poderoso, cru e genial. Na minha opinião, a escolha mais do que acertada para Camille e que vendeu o papel a cem por cento. A ela, junta-se Patricia Clarkson com uma interpretação de Adora, mãe de Camille e de Amma, absolutamente arrepiante e que lhe entregou o globo de ouro para melhor atriz num papel secundário. A entrega ao papel, a emoção e a postura necessária à posição social da personagem são algumas das coisas que podemos apreciar na interpretação da atriz. Para além disso, a fotografia da série está divinal, o guião bem escrito e coeso e a banda sonora escolhida a dedo para tornar esta uma das melhores séries criminais dos últimos tempos. Se procuram uma série de suspense criminal fora da caixa, com a quantidade certa de mistério e com bons plot twists, então é esta a que devem assistir!

"The face you give to the world tells the world how to treat you."

Já viram esta série? O que acham deste tipo de séries de suspense?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

A primeira vez que fui a um Drag Queens Show

Não é segredo nenhum que sou fã de drag queens, dos seus talentos e das suas performances. Desde que comecei a assistir a Rupaul's Drag Race - podem ler sobre aquilo que acho do talent show AQUI - que faço questão de introduzir toda a gente que conheço a este mundo que, na minha opinião, merece um reconhecimento muito maior do que aquele que tem. Seja a dançar, a cantar, na comédia, no drama, na sua maquilhagem elaborada ou nos conjuntos que apresentam, existem horas de preparação por detrás da personagem que se apresenta em palco das quais as pessoas não se apercebem muitas vezes e que eu valorizo muito. 

Por isso, quando soube que existiam um grande número de performances de conhecidas drag queens  como a Aquaria, a Sasha Velour - uma das minhas favoritas -, a Kameron Michaels ou a Detox aqui em Milão, decidi que esta seria a oportunidade perfeita para assistir ao meu primeiro espetáculo de drag queens. Escolhi, para a minha estreia, ver a Shangela, conhecida pela suas habilidades de dança, personalidade e pela sua viva presença em palco, num especial de Natal no passado dia 21 de Dezembro.


Devo começar por confessar que a Shangela não é das minhas drag queens favoritas. Apesar de reconhecer que ela é muito talentosa, não existia uma grande empatia entre mim e ela como existe com outras queens que, na minha opinião, são melhores. No entanto, e depois da atuação a que assisti, rendi-me à sua personagem e àquilo que ela representa na cultura drag. Dona de uma incrível capacidade coreográfica, dança como nunca antes vi. Consegue fazer todos os truques clássicos de drag queens - como os death drops ou o vogging -, sempre com o seu cunho pessoal e muito próprio. Além disso, os seus figurinos são maravilhosos. Tudo é pensado ao pormenor para nos deixar arrebatados, desde a manicure francesa que podíamos ver nas suas unhas até ao cabelo, penteado de forma a criar imenso volume e colocado de forma a não sair da sua cabeça nunca - e acreditem, teve imensas oportunidades para sair no meio de todos os hair flips.

Aquilo que mais admirei neste espetáculo foi, sem dúvida, o entretenimento puro ao qual somos submetidos. Mais do que a dança ou os talentos musicais, as drag queens são comunicadoras natas. Desde o primeiro momento em que pisam o palco que entretém o seu público, sejam ou não conhecidas por nós. Seja com o seu habitual desdém para outras queens - saudável e muito típico neste mundo -, com a sua personalidade estridente ou com os pequenos tiques que têm - os thong pops, o mexer das mãos ou até as suas catchphrases como Haleloo! -, conquistam até os mais cépticos e proporcionam um bom serão a qualquer um. Até os momentos em que as drag queens estavam a mudar de figurino, existia um anfitrião a interagir com o público e a criar diversas dinâmicas com o mesmo - chamar pessoas ao palco, criar votações presenciais ou procurar os maiores talentos entre o público - de forma a manter a energia bem em cima e a preparar o público para a próxima atuação.

Apesar da Shangela ser a principal atração da noite, pude ver a atuação de 2 outras queens de Milão que, tenho que admitir, se encontravam ao mesmo nível que a Shangela. Apresentando os clássicos da música pop como Survivor, das Destiny Child ou Joanne, de Lady Gaga, estas mostraram uma boa movimentação em palco, uma capacidade para a dança fora do normal e total entrega às canções escolhidas.

A noite terminou com o maior hino natalício do mundo, interpretado pela grande Mariah Carey, All I Want For Christmas is You, que juntou as três artistas da noite no mesmo palco e proporcionou a cereja no topo do bolo para o fim de uma noite muito divertida. Foram duas horas de diversão, dança e puro entretenimento que me deixaram a querer mais. Saí da discoteca com vontade de ver mais performers do género e com um maior amor por esta arte que é o mundo do drag.

São fãs de drag queens? Alguma vez viram alguma performance ao vivo?

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Recapitulando Novembro, Dezembro & Janeiro

Os últimos meses têm sido um turbilhão de emoções e experiências - vir de Erasmus, adaptar-me a tudo o que isso acarreta e lidar com bagagem emocional que vinha de um semestre mal sucedido. Com tudo isto, o blog foi deixado naturalmente um pouco para segundo plano. Apesar de ter tido tempo de o atualizar e conteúdo para o fazer - afinal de contas, estar de Erasmus gera imenso conteúdo mesmo que este não seja intencional -, não sentia vontade de me sentar e escrever e achei o melhor seria deixar o blog em banho maria para, quando estivesse pronta, retomar em força. Esse momento chegou e, com ele, vem um olhar pelos meses que perderam do meu dia-a-dia mas do qual, se me seguem no INSTAGRAM, tiveram um sneak peek.


O mês do meu aniversário, Novembro, revelou-se um mês calmo. Ao contrário do anterior, que tinha sido passado em viagem, foi um mês passado maioritariamente por Milão, a conhecer todos os cantos e a apaixonar-me pela cidade que me acolheu de braços abertos desde o primeiro momento - não fosse ela uma cidade bem internacional. Em breve trago-vos um guia completo pela cidade, que não inclua apenas o Duomo e as Galerias Vittorio Emanuele II que, apesar de muito bonitas, não são as únicas atrações da cidade mais citadina de Itália. O contraste entre o urbano e o citadino é muito nítido nesta cidade e faz com que muitos dos que por aqui passem não a valorizem tanto como deviam. No entanto, tem muitos segredos que poucos conhecem e que a tornam uma cidade tão italiana como Roma ou Florença, apesar de em tons menos alaranjados.


Este mês trouxe também a visita de amigos, o que incentivou tanto a conhecer ainda melhor a minha cidade como a visitar outras. Foi assim que rumei a Bérgamo, uma pequena cidade que prometia um passeio diário muito agradável. Esta revelou-se muito melhor do que aquilo que esperava e sem dúvida que se tornou uma das minhas cidades italianas favoritas, de entre aquelas que visitei, pela simplicidade das ruas, pelas vistas do cimo da montanha sobre a cidade - já sabem, adoro uma boa vista! - e pela catedral incrível que lá podemos encontrar, que é comparável com as das mais conhecidas igrejas de Roma.


Dezembro foi o mês da maior aventura de todo o meu Erasmus! A ideia de passar o Natal em Itália tinha surgido muito antes de vir de para cá e, felizmente, consegui colocá-la em prática. Quem me conhece sabe que adoro o Natal e, portanto, valorizo muito esta festividade junto da minha família com tudo o que isto implica - a espera ansiosa pela meia noite, a troca de prendas animada em que eu desempenho religiosamente a função de Pai Natal todos os anos, a comida sem fim ou os filmes de animação aninhados entre as mantas no sofá. No entanto, achei que esta seria a oportunidade perfeita de conhecer os costumes italianos no seu nível mais profundo, numa festividade bastante religiosa - todos sabemos que os italianos são dos povos mais religiosos - e com costumes tão vincados e característicos de cada país onde é celebrada.

Os meus colegas de casa prontamente me receberam nas suas casas e, assim, matei dois coelhos de uma cajadada só: passei um Natal muito diferente e fiquei a conhecer a sua região, no Lago di Como. Passei a véspera de dia 25 em Bellagio, a apreciar a beleza de uma vila bem silenciosa durante os meses mais frios e em especial nesta data especial. Quanto ao dia de Natal, foi passado entre comida - muita, muita, muita, parecia não ter fim -, tentativas de comunicação em italiano falhadas e o quentinho no coração de ter sido tão bem recebida numa data tão especial para qualquer família.


Mas este mês não se resume apenas ao Natal, pelo menos não para mim. No início do mês rumei a Lyon, onde passei 3 dias inesquecíveis e presenciei o conhecido Fête des Lumières, o festival de luzes que ocorre anualmente e chama milhares de pessoas a esta cidade francesa. Tive a visita surpresa do meu pai, que ajudou a matar algumas das muitas saudades que sentia da minha família. Percorri todos os mercados de Natal que consegui - quase que estabeleci um recorde! - e cobicei todas as pistas de gelo pelas quais passei - mas não, não foi este ano que me estreei nas mesmas. Já depois do Natal, recebi a visita de grandes amigas e, juntas, passámos o Ano Novo em Milão. Apesar de ter sido bastante animado pela companhia, não posso dizer o mesmo da cidade. Sem quaisquer preparativos, deixou a desejar no que toca a festa de fim-de-ano e não recomendo, de todo, que seja escolhida como destino para esta data que, de certa forma, marca a maneira como abrimos um novo capítulo.


Janeiro foi um mês lento e o mais calmo dos meses que por cá passei. Apesar de ser o mês dos recomeços, sinto que acaba por ser sempre a meio gás porque as pessoas ainda estão a pensar nas festividades que viveram no mês anterior, a ressacar de toda a comida, bebida e conversas com os amigos e família e, aos poucos, a tornarem às suas rotinas. No entanto, começou embalado pelo mês anterior. Reservou para si duas cidades italianas novas que me encantaram, sem qualquer questão - Bologna e Ferrara. Cidades tijolo pelas suas cores alaranjadas, trazem algo que até então não tinha vivido em qualquer umas das cidades que já tinha visitado e mostram a diferença entre as regiões italianas.


Semelhante àquilo que iria acontecer em Portugal, foi o mês em que me dediquei ao estudo para os exames, que chegaram para enfrentar os últimos neurónios vivos na minha cabeça - e que, por pouco, sobreviveram esta batalha! Além disso, e por ser um mês mais calmo, achei que este seria o mês ideal para conhecer todos os espaços de restauração que até então queria ter visitado por Milão mas que acabava sempre por adiar, ou por outras prioridades, outras viagens ou falta de tempo. Experimentei bebidas diferentes como o bubble tea - que, sendo honesta, não consegui gostar - e os matcha latte - que, apesar de não ser a primeira vez que experimentei, foi a primeira vez que gostei efetivamente da bebida -, bebi cappucinos dia sim dia não para abastecer da minha bebida favorita italiana e experimentei diferentes tipos de pasta, de pizza e de doçarias tipicamente italianas. 


O que me reserva o mês de Fevereiro, perguntam vocês? O mês de Fevereiro traz com ele o regresso ao meu país, à cidade que me acolheu como sua e às rotinas do costume mas das quais já tenho algumas saudades. Traz um forte desejo em recomeçar a escrever mais regularmente aqui pelo blog e de me dedicar a cem por cento tanto à faculdade, que não tem corrido da melhor forma, como ao My Own Anatomy, de forma a crescermos cada vez mais e nos tornarmos cada vez mais um projeto sério mas sempre com um cunho bem pessoal, como já estamos habituados. Sinto que este mês é que é o primeiro mês do ano, o ano de pôr em prática todas as resoluções e lutar para atingir os objetivos traçados.

E vocês? Entusiasmados para os meses que se avizinham?
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