quarta-feira, 25 de julho de 2018

Séries // The Handmaid's Tale

Mais uma daquelas séries que se encontram no fundo do baú durante muito tempo e que, depois de esgotar a lista de séries de comédia-romântica que existem para ver - e que tenho vergonha de partilhar por serem tão más - se esgotar. The Handmaid's Tale sempre me despertou atenção pela sua fotografia, acima de tudo. Parecia-me uma premissa interessante e, pelas críticas que ia encontrando no caminho, uma série de excelência. E assim, depois de tanto tempo aguardar, acabei por decidir começar a ver a série que a maior parte da população já viu.

Esta história distópica introduz-nos num mundo em que a taxa de natalidade desceu abruptamente e, como consequente do mesmo, impõe-se nos atuais Estados Unidos da América um regime hierárquico, em que se encontram no poder homens que defendem a religião praticada na sociedade. Neste regime, as mulheres são tratadas como o fundo da hierarquia, não tendo qualquer poder dentro na sociedade nem no próprio seio familiar - sendo inclusivamente impedidas de ler. A cada casal infértil é atribuída uma handmaid, responsável por conceber - através de um ritual religioso  - e carregar o feto do casal como uma incubadora humana. No final da gravidez, tem que entregá-lo ao mesmo, partindo para outra família.


Esta foi uma daquelas séries que demorei a digerir. Tive que procurar opiniões entre os meus amigos, explicações daquilo que tinha acabado de ver e dormir sobre o assunto. É uma distopia tão forte, tão crua e tão cruel que nos torce o estômago uma e outra vez. Nunca, na minha vida, pensei que existiria novamente um mundo em que os homens mandavam sobre as mulheres de uma forma tão extrema, fazendo da mulher uma máquina puramente sexual e para disposição da casa - um verdadeiro objeto. Uma premissa tão revoltante que faz com que demoremos a entender a qualidade da série e os horizontes que esta nos permite abrir. Esta aborda o feminismo, a violência de um regime extremista, o fanatismo e os abusos sexuais de uma forma tão diferente das demais séries que vi sobre os assuntos que me faz compreender o porquê de ser tão aclamada e ter sido tão vangloriada - com razão!

As personagens desta série deram comigo em doida, admito. Conto pelos dedos de uma das minhas mãos as personagens que efetivamente gostei - a Moira, a Janine e a Emily. A personagem principal, June, é uma personagem extremamente inconstante, saltitando entre um estado emocionalmente frágil e pouco desafiador para um estado de revolta e que tem vontade de resistir perante a lei. Esta característica volátil é difícil de entender, pelo menos para mim. O facto desta personagem estar constantemente a alterar entre estes dois estados - como se tivesse um interruptor - faz com que não consiga apreciar a sua forma de ser, por mais vontade que tenha de o fazer - afinal de contas, a sua situação não é a mais simples e seria de esperar sentir uma compaixão brutal por ela. As duas personagens que formam o casal - o Fred e a Serena - também envolvidos na linha principal da história são personagens tão ou mais complexas que a principal. Enquanto que o Fred se apresenta em determinadas cenas como um tirano, fanático pela religião e sem qualquer compaixão, no instante a seguir já demonstra amor, uma enorme fraqueza de carácter e uma tristeza atroz. Quanto à Serena, é  uma personagem de uma inteligência tal que me faz questionar o facto de ter aceite este regime que tanto negligenciava o seu trabalho. - isto deixa-me em dúvida quanto ao seu carácter e à forma como a personagem foi construída.

No entanto, e apesar das personagens criarem em mim um sentimento de irritação profundo, tiro o chapéu ao elenco excelente que a série ostenta. Qualquer personagem é impecavelmente interpretada por aqueles que assumem de corpo e alma a sua vida, sem qualquer excepção. Uma menção honrosa e um aplauso especial para a atriz que interpreta June, a atriz que interpreta Serena e a atriz que interpreta a Tia Lydia com uma brutidade tal que nos faz crer que não são personagens mas sim elas mesmas no nosso ecrã. Confesso que qualquer uma das três me deixa em arrepios de cada vez que entra em cena, de tão forte a sua presença. Para além da interpretação, a fotografia da série é impecável e os efeitos sonoros são utilizados de uma forma sublime. A premissa original, aliada a todos os factores que nomeei acima fazem com que esta série tenha sido o sucesso que foi e faz com que eu a recomende a vocês, para que também possam irritar-se com as personagens e ficarem chocados com o mundo em que poderíamos viver. Esta série só me deixa grata pelo mundo em que vivemos que, apesar de não ser justo em muita coisa e a igualdade ainda não estar assente a cem por cento, caminhamos nesse sentido com força e vigor.

"Nolite te bastardes carborundorum"

Já viram esta série? O que acharam das personagens?

8 comentários so far

  1. Nunca vi a série, mas penso já ter ouvido falar nela. Li as tuas palavras e fiquei extremamente curiosa. Conseguiste pôr me com vontade de espreitar. Vi o trailer e foi BOOM. Mais curiosa fiquei. O trailer está muito bom! Vou guardar na minha lista de séries para ver!

    Blog: http://bolacha-mariaa.blogspot.pt
    Projeto: http://ajudaoplanetaesalvaomundo.blogspot.pt

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  2. Também comecei a ver esta série recentemente, e tenho a mesma opinião acerca da personagem principal, a June. Não a consigo entender, o que me faz não ter grande empatia com ela, apesar de tudo.
    xoxo,

    www.atwednesdaysiwearpink.blogspot.com

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  3. Ja vi a primeira temporada e tambem foi muito dificil para mim digerir a serie toda, eu nunca conseguia ver os episodios seguidos, tinha que parar, digerir tudo o que tinha acabado de ver e depois continuar. Porque era demasiado pesado mas tao importante. Nao estamos nada longe da realidade de Handamaids Tale, ha muitos paises em que coisas semelhantes acontecem, o que e assustador e arrasador tambem!

    Mas ao contrario de ti eu gostei bastante da construcao de todas as personagens, incluido a June, acho que ela passava muita humanidade, expressava os sentimentos consoante as situacoes de uma forma incrivel!

    Uma serie brilhante, eu diria que uma das minhas favoritas!

    Adorei o post! Keep going :)

    Uma Africana Blog

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  4. Esta série está na minha lista há imenso tempo! Tenho que a começar a ver :)
    Beijinhos

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  5. Eu quero muito ver esta série, mas confesso que quanto mais leio sobre ela, mais sinto que não estou de todo preparada para a ver. É inacreditável...

    THE PINK ELEPHANT SHOE

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  6. Compreendo na perfeição a tua revolta perante June, mas também acho que é essa dualidade que a torna tão real. É impossível descobrir quais seriam as nossas ações se tivéssemos a passar pelo mesmo: constantemente arrancadas da nossa dignidade, numa posição em que, pela nossa sanidade, teríamos que arranjar formas de contornar essa opressão - as pequenas revoltas de June.

    Ainda não acabei a segunda temporada, mas esta é A minha série preferida.

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  7. é das minhas series preferidas e assustador o que parece ser um futuro proximo!

    https://rrriotdontdiet.blogspot.com/

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  8. Ainda vou na primeira temporada mas acho que a motivação da June, está em salvar a filha por isso se torna omissa mesmo não querendo!!!

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