Vi recentemente uma entrevista da Catarina, do Dias de uma Princesa para a SIC em que a mesma falava do retorno de ser blogger e de como não é assim tão simples esta ser a nossa profissão. Com uma duração de 20 minutos, achei a entrevista super completa e bastante informativa para aqueles que se encontram fora do mundo digital. Portanto, e já após visualizar toda a entrevista, qual foi o meu espanto quando me deparo com comentários com teor pejorativo relativamente àquilo que ela tinha dito. "Se fosses trabalhar é que era", "Queria ver-te a receber o salário mínimo" e "Mas isso é uma profissão?" foram alguns dos muitos comentários que se podiam ler, todos com este tom depreciativo e a desvalorizar completamente o trabalho de uma blogger.
Acho que está mais do que na altura de falar desta realidade que me é muito próxima e que a maior parte das pessoas não entende - o esforço e o trabalho que está por trás de uma publicação. Ao contrário do que a maioria da população tende a fazer parecer, as publicações não surgem do ar. É preciso pensar na ideia - e acreditem, só este pequeno passo é muito exigente porque os bloqueios criativos são constantes -, executá-la da melhor forma possível, reler para ver se não nos enganámos em nenhuma informação ou se queremos acrescentar algo e voltar a escrever, caso tal aconteça. Depois do processo de escrita, temos que escolher as imagens certas para o conteúdo certo, pesquisar bastante e, por vezes, preparar cenário, roupa e câmara para tirar algumas fotografias - quando queremos utilizar fotografias da nossa autoria. No meu caso, escrever uma publicação que fale de um conjunto que utilizei no meu dia-a-dia implica implorar durante duas horas aos meus familiares para me tirarem fotografias e, se tiver num dia de muita sorte, conseguir uma sessão de 10 minutos impacientes no sítio mais próximo de casa possível, sem qualquer hipótese de repetição das mesmas. Ou ficam bem, ou não tenho publicação.
A criação da publicação em si é a parte mais demorada mas aquela que dá mais gozo a qualquer blogger. Arrisco-me a dizer que, se não gostarmos desta parte, podemos abandonar o barco, porque é a parte principal do nosso dia-a-dia enquanto criadora de conteúdo. Mas nem todo o trabalho se resume a isto - quem nos dera que fosse apenas isto! Crescer uma comunidade de seguidores fiel que goste do nosso conteúdo é bastante complicado. Num mundo em que aquilo que interessa é o número de seguidores que temos, o follow for follow é uma constante e o jogo de seguir e deixar de seguir também o é. Pessoas que necessitam de aprovação, que não se conformam com o facto de nem sempre retribuirmos o follow delas, que fazem comentários sem qualquer fundamento apenas para terem um comentário de volta são uma constante e existem tantos outros problemas que, se fossem numerados, dariam uma publicação por si só - e das compridas.
É necessário trabalhar diariamente na interação com outras bloggers e com a comunidade em geral. É preciso estar sempre em cima do acontecimento, procurar saber aquilo que agrada mais aos nossos leitores e ir de acordo com aquilo que eles pretendem de nós. Partilhar as nossas publicações em todas as redes sociais que temos como o Facebook ou o Instagram na tentativa de captarmos novos leitores e de relembrar os velhos leitores que não saímos do jogo e transmitirmos a um número maior de pessoas aquilo que escrevemos. Além disso, é necessário criar conteúdo exclusivo para estas redes sociais de forma a que elas subsistam por si só, para que as pessoas não percam o interesse nas mesmas - até porque a atenção de um cybernauta é equivalente à atenção de uma criança bebé e, portanto, é necessária conteúdo bastante interativo, assim como constante inovação no mesmo.
E no meio disto tudo, de todo este trabalho, é preciso sermos fiéis a nós próprios. Escrevermos sobre o que nos apaixona, sobre o que gostamos e sobre aquilo que faz o nosso coração saltar um batimento - mas só um batimento, não mais - de tão contente que está, até porque não faz sentido de outra forma. Temos que garantir que abordamos o assunto da melhor maneira que conseguimos e de forma a que as outras pessoas se consigam relacionar com aquilo que escrevemos - ou seja, temos que pensar simultaneamente em nós próprios e naqueles que nos estarão a ler. Temos que ter o dom da palavra - ou que, pelo menos, esforçarmo-nos para o ter. Ser únicos naquilo que escrevemos e fazemos, naquilo que pensamos e digitamos, mesmo que a publicação seja sobre algo que já foi falado umas 30 vezes apenas no último mês. Saber quando a lançar, na hora perfeita e no momento perfeito.
Se, depois desta descrição exaustiva daquilo que é o trabalho de um blogger, ainda existe alguém desse lado do ecrã a franzir o sobrolho e a dizer Ah, não parece nada de especial! lanço o desafio - tornem-se bloggers, publiquem com regularidade e aí falaremos. Aposto que aquilo que acham fácil se tornaria difícil à velocidade da luz. Até porque nem tudo são eventos bonitos ou roupas glamorosas e, para chegar a esse patamar, até chegar esse reconhecimento, temos que suar muito e trabalhar durante o dia e durante algumas noites nos nossos tempos livres, sem nunca deixar os nossos estudos, trabalhos e a nossa vida pessoal e social para trás. Até tal acontecer, temos que ouvir muitas propostas ridículas de lojas que procuram trabalho de escravo em troca de publicidade, que nos desvalorizam e que nos ridicularizam. Até tal acontecer, temos que recusar muito poucas vezes e ser recusadas uma centena de vezes porque o nosso trabalho não é suficiente.
É muito difícil para mim expressar tudo aquilo que sinto de cada vez que vejo este tipo de comentário atirado para o ar de qualquer maneira, sem qualquer conhecimento de todo o trabalho que isto dá - uma mistura de raiva com angústia e um sentimento de incompreensão enorme. É o meu trabalho que está a ser desacreditado, é o meu trabalho ao qual estão a tirar valor e isso eu não consigo aceitar. Recuso-me a viver num país em que o trabalho do outro é desprezado porque não existe informação suficiente sobre aquilo que ele faz. Só porque a aparência desse trabalho parece muito simples. Se todos os trabalhos são merecedores de respeito, porque é que este não o deverá merecer também?Aquilo que espero é que, com o surgimento desta nova geração de bloggers e digital influencers, que exista um maior respeito pelo trabalho desenvolvido tanto pelas maiores do ramo como por aquelas que estão apenas a começar e que ter um blog seja algo que possamos dizer com orgulho, sem medo de acusações ou de ter dedos apontados a nós.
A criação da publicação em si é a parte mais demorada mas aquela que dá mais gozo a qualquer blogger. Arrisco-me a dizer que, se não gostarmos desta parte, podemos abandonar o barco, porque é a parte principal do nosso dia-a-dia enquanto criadora de conteúdo. Mas nem todo o trabalho se resume a isto - quem nos dera que fosse apenas isto! Crescer uma comunidade de seguidores fiel que goste do nosso conteúdo é bastante complicado. Num mundo em que aquilo que interessa é o número de seguidores que temos, o follow for follow é uma constante e o jogo de seguir e deixar de seguir também o é. Pessoas que necessitam de aprovação, que não se conformam com o facto de nem sempre retribuirmos o follow delas, que fazem comentários sem qualquer fundamento apenas para terem um comentário de volta são uma constante e existem tantos outros problemas que, se fossem numerados, dariam uma publicação por si só - e das compridas.
É necessário trabalhar diariamente na interação com outras bloggers e com a comunidade em geral. É preciso estar sempre em cima do acontecimento, procurar saber aquilo que agrada mais aos nossos leitores e ir de acordo com aquilo que eles pretendem de nós. Partilhar as nossas publicações em todas as redes sociais que temos como o Facebook ou o Instagram na tentativa de captarmos novos leitores e de relembrar os velhos leitores que não saímos do jogo e transmitirmos a um número maior de pessoas aquilo que escrevemos. Além disso, é necessário criar conteúdo exclusivo para estas redes sociais de forma a que elas subsistam por si só, para que as pessoas não percam o interesse nas mesmas - até porque a atenção de um cybernauta é equivalente à atenção de uma criança bebé e, portanto, é necessária conteúdo bastante interativo, assim como constante inovação no mesmo.
E no meio disto tudo, de todo este trabalho, é preciso sermos fiéis a nós próprios. Escrevermos sobre o que nos apaixona, sobre o que gostamos e sobre aquilo que faz o nosso coração saltar um batimento - mas só um batimento, não mais - de tão contente que está, até porque não faz sentido de outra forma. Temos que garantir que abordamos o assunto da melhor maneira que conseguimos e de forma a que as outras pessoas se consigam relacionar com aquilo que escrevemos - ou seja, temos que pensar simultaneamente em nós próprios e naqueles que nos estarão a ler. Temos que ter o dom da palavra - ou que, pelo menos, esforçarmo-nos para o ter. Ser únicos naquilo que escrevemos e fazemos, naquilo que pensamos e digitamos, mesmo que a publicação seja sobre algo que já foi falado umas 30 vezes apenas no último mês. Saber quando a lançar, na hora perfeita e no momento perfeito.
Se, depois desta descrição exaustiva daquilo que é o trabalho de um blogger, ainda existe alguém desse lado do ecrã a franzir o sobrolho e a dizer Ah, não parece nada de especial! lanço o desafio - tornem-se bloggers, publiquem com regularidade e aí falaremos. Aposto que aquilo que acham fácil se tornaria difícil à velocidade da luz. Até porque nem tudo são eventos bonitos ou roupas glamorosas e, para chegar a esse patamar, até chegar esse reconhecimento, temos que suar muito e trabalhar durante o dia e durante algumas noites nos nossos tempos livres, sem nunca deixar os nossos estudos, trabalhos e a nossa vida pessoal e social para trás. Até tal acontecer, temos que ouvir muitas propostas ridículas de lojas que procuram trabalho de escravo em troca de publicidade, que nos desvalorizam e que nos ridicularizam. Até tal acontecer, temos que recusar muito poucas vezes e ser recusadas uma centena de vezes porque o nosso trabalho não é suficiente.
É muito difícil para mim expressar tudo aquilo que sinto de cada vez que vejo este tipo de comentário atirado para o ar de qualquer maneira, sem qualquer conhecimento de todo o trabalho que isto dá - uma mistura de raiva com angústia e um sentimento de incompreensão enorme. É o meu trabalho que está a ser desacreditado, é o meu trabalho ao qual estão a tirar valor e isso eu não consigo aceitar. Recuso-me a viver num país em que o trabalho do outro é desprezado porque não existe informação suficiente sobre aquilo que ele faz. Só porque a aparência desse trabalho parece muito simples. Se todos os trabalhos são merecedores de respeito, porque é que este não o deverá merecer também?Aquilo que espero é que, com o surgimento desta nova geração de bloggers e digital influencers, que exista um maior respeito pelo trabalho desenvolvido tanto pelas maiores do ramo como por aquelas que estão apenas a começar e que ter um blog seja algo que possamos dizer com orgulho, sem medo de acusações ou de ter dedos apontados a nós.
Numa escala de 1 a 10, como definiriam o trabalho que vos dá cada publicação que escrevem?
Eu sei que há muita gente que consegue fazer disto profissão e acho maravilhoso mas na verdade é apenas uma mao cheia de pessoas que o consegue. Eu gostava muito claro, e acho que nos que somos “amadoras” temos muito mais trabalho do que as profissionais. Porque a sensação que tenho é que se chega a um ponto em que já temos mais “recursos” e temos pessoas com quem trabalhar que te apoioam e tal. Agora tenho de procurar as minhas próprias parcerias, tirar as minhas próprias fotos, fazer tudo sozinha e ainda trabalhar e tratar da minha vida! São na prática dois empregos a full time!
ResponderEliminarTheNotSoGirlyGirl // Instagram // Facebook
Chateia um pouco esse tipo de comentários e olhares depreciativos. É como tu dizes, as pessoas nem imaginam o trabalham que dá!
ResponderEliminarNão é tão fácil como parece e se tiveres que conciliar com um trabalho é complicado. Agora, se for só esse o teu trabalho, é um como qualquer outro, tens 8 horas para trabalhar nas publicações (implicando tudo o que referes, claro, que não é só escrever). Posto isto, acho que não era capaz, porque os bloqueios criativos de que falas são uma autêntica dor de cabeça e não é fácil estar sempre a arranjar conteúdo!
ResponderEliminarInfelizmente ainda existe esse preconceito com o ser blogger e que cada um faz e que não dá trabalho nenhum, é como o dizes experimentem e vejam se é assim tão fácil? Costumo demorar horas de volta de um publicação sem fotografias da minha autoria e quando são da minha autoria ainda levam mais tempo ainda :/
ResponderEliminarGostei muito do teu blog, só mudaria o tipo de letra ou o tamanho pois torna-se um pouco dificil de ler, principalmente os '' e'' (Por favor não leves isso como uma critica ou comentário maldoso) Beijinhos xx
Breeze Of Beauty | Instagram ♡
Dá o trabalho que quero que eu tenha. Muita gente pode desdenhar o trabalho dos bloggers, mas é o que é. A frustração das bloggers está naquilo que são os objectivos das mesmas. Quem gosta corre por gosto, se puder ter benefícios sobre isso espetacular, quem critica, não sabe, tem inveja e não quer saber se dá muito trabalho ou não.
ResponderEliminarBeijinhooo
Ritissima Blog
Dá trabalho né? Mas recompensa muito!
ResponderEliminarhttp://www.gotasdecafe.com.br/
Gostei muito de te ler, Marli. Como te entendo...pior ainda é quando esses comentários vêm de quem nos é próximo e acha que andamos nisto pelos freebies. lol. Bem que passávamos fome se estivéssemos à espera que o sucesso caísse do céu. A maioria de nós faz isto por puro gosto, porque não ganha nada de especial a não ser o prazer de ter a sua plataforma e a sua voz. E caramba, isso é tão bom! Às vezes sabia bem não ter que nos defender de cada vez que fazemos algo. Mas bem, o nosso país pequenino é mesmo assim, não é? No entanto, se for preciso pesquisar sobre algo, muitas vezes as mesmas pessoas que tecem esses comentários são as primeiras a acreditar na nossa palavra. Vá-se lá entender...anyway. Ânimo! Haja dedicação e tudo se faz :)
ResponderEliminarJiji
O trabalho não é valorizado, a verdade é essa. Há posts que me dão mais ou menos trabalho, mas todos eles envolvem tempo..
ResponderEliminarBeijinhos,
http://chicana.blogs.sapo.pt/
Infelizmente ainda muitas ideias depreciativas dessas à volta daquilo que é ser blogger/criador de conteúdo somente pelo estatuto ou pelas temáticas. Tanto é trabalho ser engenheiro como ser blogger. Em todos os trabalhos há esforço, mas de maneiras diferentes, algumas mais visiveis. Escrever um post parece fácil de vista, mas até esse post sair há muitas ideias falhadas, bloqueios criativos e ainda se mete a vida pelo meio, e por vezes não podemos publicar sempre que queremos. Temos de sacrificar tempo que poderiamos estar a fazer outras coisas para tentar construir algo lentamente, mesmo quando parece que não há qualquer evolução a esse nivel. Acontece-me muito fazer posts que demoraram montes de tempo a serem feitos para depois serem praticamente ignorados e os "apressados" que não são nada de especial serem sucessos. Acho que não foi aqui dito nada que não fosse verdade e percebo e identifico com praticamente tudo o que disseste :) Talvez no futuro com esta nova geração de bloggers as pessoas passem a levar mais a sério este tipo de trabalhos x
ResponderEliminarthemerrymarie.blogspot.com
Olha aqui está um post muito necessário de bloggers para bloggers e de bloggers para quem não é blogger. Vivemos num mundo onde "o meu trabalho dá muito mais trabalho que o teu", não é? E é bem fácil desacreditar o trabalho do outro só porque não se conhece. E às vezes nem queremos saber. É só falar por falar e dizer que "assim também eu". E por isso é que publicações como esta são necessárias para os bloggers serem reconhecidos como trabalhadores criativos com tudo o que isso tem direito e com todo o trabalho que envolve e que tu bem descreves aqui. Muito bem dito!
ResponderEliminarhttps://andreiamoita.pt/