segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A MENTE SOBRE O CORPO

Quando fui convidada a participar no Beauty Beyond Size, um projecto criado pela linda Sónia do She Writes que tem como principal objectivo a promoção do amor próprio e da aceitação corporal, sabia que tinha que participar, de alguma forma que me fosse muito próxima e pessoal. Depois de partilhar a minha história aqui, não sabia aquilo que poderia acrescentar a uma temática que, para mim, é uma luta diária a nível psicológico. Foi aqui que me apercebi daquilo que ficou menos bem explorado nessa publicação e que, portanto, queria falar: a forma como o nosso pensamento influencia a forma como nos vemos.


A primeira vez que olhei para as fotografias ilustrativas desta publicação, ainda no mostrador da câmara fotográfica e num tamanho bastante reduzido, achei que estavam incríveis. Era das poucas vezes que me via de fato-de-banho, em fotografia, e que adorava o resultado. Sentia-me mesmo bem comigo e com o meu corpo! Mas, assim que cheguei a casa e comecei a olhar de novo para as fotografias, comecei a ver todos os defeitos que elas tinham - a celulite no rabiosque que tende a não desaparecer, a barriga proeminente, as gorduras localizadas, as coxas interiores demasiado grandes, as minhas olheiras, etc - e todos estes defeitos consumiram a minha visão das fotografias. Já não conseguia olhar para elas e sentir-me bem e, consequentemente, já não conseguia sentir-me bem com o meu corpo.


Este é um pequeno exemplo daquilo que é a minha vida todos os dias. Uma inconstância de pensamentos e emoções. Num momento, uma bomba latina. Noutro momento, um saco de batatas. Isto numa questão de segundos e sem nenhuma razão em especial - por influência da amiga que é mais jeitosa do que eu, de uma palavra que foi mal interpretada ou de uma fotografia de uma qualquer rapariga em biquíni que vejo enquanto faço scroll no instagram

Tudo porque o meu cérebro funciona como uma bomba-relógio, pronta para explodir a qualquer momento. A minha mente sempre controlou a cem por cento aquilo que eu vejo no espelho - apesar da minha figura não mudar de um dia para o outro, aquilo que se reflete muda e, nos meus piores dias, a imagem distorcida de um corpo maior do que é na realidade aparece no espelho - e, portanto, também o meu amor-próprio se altera de acordo com aquilo que estou a sentir no momento.


Não tenho, de todo, amor-próprio para dar e para vender. Se pudesse metaforizá-lo, diria que é uma chama dentro de mim pronta para acender uma fogueira, mas só precisa de um bocadinho mais de atenção e carinho. E é esse carinho, essa atenção para a qual estou a alertar-vos hoje.

Uma boa mente saudável deve ser a vossa maior prioridade. Porque, a partir daí, conseguimos conquistar o mundo. A partir do momento em que deixa de existir a tal bomba-relógio na vossa cabeça, conseguirão focar-se muito melhor nos vossos objetivos e ficarão muito mais motivados para se tornarem a melhor versão de vocês mesmos - involva esta versão emagrecerem, engordarem ou manterem-se iguais. O que importa é que se sentirão bem com aquilo que escolherem fazer e que, independentemente do resultado final do vossso percurso, aquilo que vos é dado e com que partem para esta caminhada é algo bom, algo que vocês consideram bonito.


Não é o valor na balança que define aquilo que nós somos. É a nossa força mental que define o que somos. Se eu acreditar que estou bem como sou, que sou bonita e que está tudo bem com o meu corpo, então está tudo bem com o meu corpo. Está na altura de aceitarmos aquela gordura localizada, as olheiras mais profundas, as estrias, as sardas - as pequenas falhas que fazem de nós aquilo que nós somos. Se fossemos todos iguais, o mundo seria um lugar muito aborrecido. Há que celebrar a variedade e a diversidade. Temos que deixar de apoiar as outras meninas na sua jornada de amor-próprio e, simultaneamente, inferiorizarmo-nos. Há que caminhar com elas, não na direção contrária.

Este é um processo que exige tempo e que não se consegue de um dia para o outro, claro. Apesar de vos estar a aconselhar, também eu estou a tentar mudar a forma como vejo o meu corpo e a forma como trato o mesmo. Temos que treinar o nosso cérebro a ignorar os pensamentos negativos, os tais "defeitos", ensinar-lhe que aquilo que aparece refletido no espelho são vocês, que é muito bonito e que vale a pena. Evitem a auto-depreciação, as pessoas que trazem más energias para a vossa vida e rodeiem-se de quem vos quer ver bem. Escolham um mantra cheio de positivismo e repitam-no até acreditarem naquilo que ele diz. Afinal de contas, só temos este corpo e temos que o estimar da melhor maneira possível.


Achei que a melhor forma de celebrar esta mudança de pensamento, ou este marco na minha caminhada rumo a uma mente que transborda de amor próprio seria mesmo partilhar estas fotografias com este fato-de-banho lindo que me foi enviado pela Zaful - que podem encontrar AQUI - e que me levaram a escrever esta pequena reflexão. Com bastantes defeitos e com algumas coisas que gostaria de ter alterado mas que, no final de contas, são parte de mim.

Quem está comigo nesta caminhada rumo ao amor-próprio?

14 comentários so far

  1. Que força!

    https://kika--maria.blogspot.com/

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  2. De facto vale super a pena. Creio que só encontras em supermercados de bairro ou coisa do género :/ é uma pena porque são mesmo bons.
    Sim, também sou da mesma opinião. Faz muito tempo que as pessoas colocaram de lado esse pseudo preconceito :D

    Este texto retrata-me por tudo aquilo que eu passei. Que powerful. Nada há melhor do que amor próprio. Só isso :')
    As fotos estão de babar!

    NEW GET THE LOOK POST | Trend Alert: The Street Chic
    InstagramFacebook Official PageMiguel Gouveia / Blog Pieces Of Me :D

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  3. Eu passo exactamente por esses momentos - bomba latina, saco de batatas por isso entendo-te, de coração e é frustrante mesmo :| mas tu és linda mulher, e espero que este processo seja rápido <3

    THE PINK ELEPHANT SHOE

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  4. Somos duas nesta batalha! <3

    Estás tão linda! Beijinhos!

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  5. Ahhh ler este post deixou-me tão <3 embora a minha struggle se prenda com o ser demasiado magra, não ter curvas, etc., revi-me em tudo o que disseste e acho que, antes de partirmos para a mudança física em si, é importante empreender uma mudança mental - porque, na verdade, não podemos deixar que os padrões sociais definam o que a nossa mente pensa do nosso corpo c:
    Anyway, tens tudo para melhorar neste processo, basta acreditares, tal como referiste. Beijinhos :*

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  6. Concordo perfeitamente contigo, uma mente saudável é a base de tudo. Temos o direito de querer ser mais jeitosas mas temos que aprender a amar-nos todos os dias.

    Another Lovely Blog!, http://letrad.blogspot.pt/

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  7. "Não tenho, de todo, amor-próprio para dar e para vender. Se pudesse metaforizá-lo, diria que é uma chama dentro de mim pronta para acender uma fogueira " - ninguém tem doce Marli. Hoje em dia fala-se muito sobre amor próprio, sobre aceitação e sobre gostarmos de nós e sim tudo isto é importante, mas assumir que nem sempre estamos bem, que nem sempre gostamos de nós também o é porque ajuda-nos a ter consciência que somos acima de tudo humanos e que não existem vidas perfeitas. O conceito de amor proprio como sendo tudo sempre perfeito não é verdadeiro, porque amor proprio é acima de tudo sentir. Sentir com todas as partes do nossos corpo e sentir todas as sensações e isso inclui as menos boas. O importante é acima de tudo aprender com elas, aprender com as coisas que nos fazem menos felizes e procurar acima de tudo que os dias menos bons sejam inferiores aos excelentes. Aprender com tudo isso é amor próprio. Tu és uma miúda incrível e estás linda nas fotos. um beijo gigante

    Vânia
    Lolly Taste

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  8. Querida Marli [permite-me que te trate assim], identifiquei-me imenso com estas tuas palavras. Há muito tempo que também tenho vindo a trabalhar o meu amor-próprio, pois é esse amor a base de tudo. Só quando nos amamos de verdade, tal e qual como somos, é que conseguimos abrir o nosso coração ao mundo e sentir aquela felicidade verdadeira. É um trabalho diário e árduo este de aprendermos a gostar de nós. Mas vale tão a pena! Os resultados começam a surgir, passo a passo. O importante é não desistir desta relação bonita que queremos criar com nós próprias!
    E, a pouco e pouco, libertar as velhas crenças, os pensamentos negativos. Claro que há dias menos bons, afinal somos humanos. Mas o importante é continuar, não desistir de conquistar esse amor-próprio, que é o mais genuíno de todos!
    Desculpa o 'testamento'! É a primeira vez que passo aqui no teu blogue e gostei muito!
    Um grande beijinho**
    Catarina

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  9. Adorei o texto.
    É difícil gostar-mos de nós mesmo, por esta e outra razão que, para nós, faz todo o sentido. Ter uma auto-estima forte (ou minimamente decente) é toda uma conquista, um trabalho pessoal que requer muito carinho e atenção.
    Leva tempo, todo o tempo do mundo, mas a mudança está em nós, está na forma como encaramos cada gesto, cada palavra, cada decisão que nós tomamos, cada relance que lançamos ao espelho.
    É uma jornada que se faz de pés descalços, mas vale a pena.

    r: A cena do preservativo é fantástica!
    Não há dúvida que Friends é uma das melhores séries de todos os tempos e que vai ser muito complicado que alguma comédia lhe chegue aos pés.

    Xiá
    http://thecoffeecupblog.blogspot.pt/

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  10. Adorei as fotos, estão mesmo muito giras!

    Foste nomeada para esta TAG: http://lablondcat.blogspot.pt/2017/08/liebster-award-tag.html

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  11. Eu cá acho que as fotografias estão lindas e o fato de banho fica-te muito bem!

    Beijinhos,
    Inês
    http://www.indiglitz.pt

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  12. Sem filtros ficamos sempre com medo do que os outros vão achar ou não. A minha batalha mental também tem sido uma cruz enorme neste meu processo de emagrecimento. Perdi 8,5kg e continuo a achar que estou gorda, porque ainda mal tive tempo de olhar para mim. A minha maior vitória nisto tudo foi ter ido à praia de biquini (como sempre fiz), mas sentir-me bem, sentir-me "uma bomba latina", como referiste. Mas se me fotografarem, eu também vou colocar defeitos em tudo! >.< Não dá para evitar.
    Mas adorei as tuas fotos, mesmo com todos os detalhes que apontaste e que, a nós público, passaram ao lado :D
    Make it flower

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  13. Linda por dentro e por fora. Não sei o que dizer mais, honestamente, porque percebo bem essa montanha-russa - ando agora a passar por ela - e sei que a única pessoa que pode fazer algo por ver a beleza em ti és tu mesma. E sei que vais lá chegar, a atitude é mesmo essa! E sei que é, porque já consegui estar a borrifar-me para isso tudo - também escrevi sobre isto algumas vezes. Haja saúde, o resto é bónus! :)

    Jiji

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  14. De que forma é necessário encontrar uma maneira de apreciar o corpo, já que o corpo é uma imagem, de beleza muitas vezes contraditória à beleza pessoal? Não será prudente velar o corpo para expressar a real beleza da alma?
    Não aprender a idolatrar o corpo insultado, mas fortalecer as almas para desvalorizar o que não é verdadeiro.
    Se depositarmos a nossa felicidade no corpo, como vamos ser felizes quando formos velhinhos?
    Se tudo correr bem, teremos uma vida longa, mas não nos livraremos de ficar doentes, desdentados, horrivelmente feios e a cheirar mal. É a vida…
    Não quero ser feliz, mas verdadeiramente feliz. Não relativa, mas absolutamente.
    Ora, a Verdade Absoluta é por definição universal, não circunstancial: não depende nem do espaço, nem do tempo.
    Por isso, a Fonte da Verdadeira e Absoluta Felicidade deve ser acessível em qualquer lugar, não importa o corpo; em qualquer tempo, não importa a idade; para qualquer pessoa.
    A beleza do corpo não cumpre estes requisitos:
    - No espaço: porque diferentes culturas têm diferentes perspetivas sobre o corpo belo.
    - No tempo: porque o corpo se corrompe e as anteriores perspetivas culturais também se alteram.
    Se não fosse assim, a vida seria cruel para aqueles que nem o corpo inteiro têm. Se a Felicidade não é também para eles, também não quero ser feliz.
    Porém, a fonte da Verdadeira e Absoluta Felicidade é, e por definição deve ser, de igual modo acessível.
    Qual é a fonte de Felicidade que tanto eu como a pessoa com deficiência corporal e até mental, na pior das gravidades, podemos ambos usufruir?
    Ora, essa é a Verdadeira! Se for transversal às mais distantes circunstâncias! Nessa devo investir.
    Ser velhinho, doente, feio a cheirar mal: a vida não é nada romântica… Mas ninguém me impede de viver uma paixão eterna com a Fonte Absoluta.

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