SÉRIES // BROAD CITY

Começa já a tornar-se habitual o facto de começar a ver séries sem ler qualquer recomendação para a mesma ou qualquer indício de que esta seja boa. Aliás, se existe um hábito que tenho (tanto para séries como para filmes) é de não ver qualquer tipo de trailer porque acho que estraga a magia que é a surpresa - que tanto poderá ser pela positiva ou pela negativa - de ver algo novo com uma mente aberta. Aquilo que me cativou, no meio das dezenas de séries de comédia que me apareceram quando procurava algo novo, a clicar em Broad City foi a imagem divertida e bastante diferente com que era representada.

Esta série retrata o dia-a-dia das melhores amigas Abbi - uma mulher que quer ser artista a tempo inteiro mas, enquanto o seu sonho não se concretiza, trabalha num ginásio como empregada de limpeza - e Illana - uma mulher cujo principal objetivo na vida é não ter que trabalhar -, com as suas perspectivas sobre os assuntos mais banais imagináveis e os seus truques de como sobreviver na cidade mais independente dos EUA.

Se existe uma palavra para descrever esta série, seria excêntrica. Há semelhança de Girls, da qual vos falei AQUI, esta série traz consigo a verdade sobre aquilo que é viver em Nova Iorque, sobre os problemas que se enfrentam quando se é uma jovem adulta a tentar seguir a sua paixão mas de uma forma mais ligeira e mais divertida, sem que isto tire realismo à mesma. Acaba por ter uma forma exagerada de expressar as nossas frustrações diárias nas mais variadas tarefas. Sem qualquer pudor ou assunto tabu, na série são discutidos abertamente temas como a sexualidade, o feminismo, a política americana, as relações amorosas e todos os seus problemas e a depressão de uma forma caricatural, sarcástica e bastante divertida de assistir.

As personagens principais são super diferentes e penso que essa é a fórmula de sucesso da série. Começando por Abbi, a mais calma, ponderada e controlada desta dupla, esta personagem é aquilo que torna a série mais realista uma vez que é fácil relacionarmo-nos com a sua forma de ser e sentirmos empatia pela sua socially awkwardness. No entanto e no extremo oposto, Illana é a personagem mais excêntrica que eu já vi numa série televisiva. Sem papas na língua, com o seu próprio dialecto e extremamente selvagem, é uma personagem bastante diferente daquilo que estamos habituados porque parece que nada a para - com o avançar da trama apercebemo-nos que nem sempre é assim.

Com um guião muito bem escrito, umas personagens bem desenvolvidas e uma storyline nada complexa mas muito engraçada, esta série é diferente das demais do mesmo género pela linguagem descontraída que apresenta, as suas personagens bastante caricatas e pelos assuntos tratados de forma leve e casual. Para além disso, todo o aspecto técnico da série é genial - a intro é ritmada e bastante dinâmica, sempre com algum elemento diferenciador de episódio para episódio e o guarda roupa escolhido impecavelmente para cada situação. Recomendo para quem queira ver algo diferente, com uma certa irreverência e com um sentido de humor muito peculiar.

"Four R's my friend: reduce, reuse, recycle, Rihanna"

Já conheciam esta série? Gostam deste tipo de séries mais realistas?